Antes de começar a escrever quero reconhecer a minha loucura de buscar ser sincero em relação aos meus sentimentos. Meu estado é insano, pois nesse mundo em que vivemos estamos cercados de personalidades forjadas, devido a impessoalidade que nos faz mostrar aos outros pessoas que não somos. Apresentar-me como realmente sou e estou é assinar um documento de condenação, onde todos os olhares voltam-se para você com ar de desprezo e acusação. Nesse momento de me desmascarar, torno-me o único ser repugnante que sente ódio, medo e solidão. Sou o patinho feio do Universo. E que se danem meus sentimentos.
Contudo, mesmo correndo esse risco, ainda prefiro essa loucura a ser corroído pela minha angústia e me tornar louco para mim mesmo. Pois, a final de contas, antes ser acusado e julgado pelos outros do que ser excluído e pisado por mim mesmo.
Eu sou muito grato a Deus por ter me feito o “Lucas”. Não louvo a minha natureza porque essa é errônea e depravada, mas fico felicíssimo em poder experimentar certas coisas que Deus me dá e da sua própria presença, que é melhor que todos os Seus presentes. Sou muito feliz por possuir um coração que busca se relacionar de forma intensa com as pessoas e apreciar o sentimento de amor que existe nelas, apesar de muitas vezes meu amor por essas pessoas não ser completo e vice versa. Amo me relacionar. Amo o ser humano. Disse certa vez que coisas complexas me fascinam. E o ser humano é uma dessas coisas.
É tanto assim que se fosse para eu escolher, por exemplo, em ir para uma aula ou ficar conversando com um amigo, não pensaria duas vezes em escolher a segunda opção. Já virei a noite com amigos e já vibrei várias vezes em poder usar da minha tarde ou noite para conversar horas com pessoas que eu amo. Uma das minhas maiores alegrias é poder ajudar alguém e ser ajudado por esse alguém, com a mesma intensidade.
Mas ultimamente eu tenho estado em crise diante dos meus relacionamentos. E acho que essa crise é em função de certas coisas que venho acumulando sem perceber. Quero dizer, antes de continuar, que por ser este texto um desabafo da minha alma apertada, pode conter nele algumas distorções do que está acontecendo realmente. Visto ser essa a minha visão da realidade.
Tenho a impressão que me dôo muito pelos meus amigos. As vezes não de forma visível para estes, mas acho que isso é uma verdade. Não me orgulho quando digo isso. Não sou a melhor pessoa por me sentir assim. Mas é fato que meu coração anseia por relacionamentos. O problema é que me desgasto um bocado quando estes são com meus amigos. Não estou dizendo com isso que eles não me dão atenção. Mas não me sinto amado com a mesma intensidade com que eu os amo ou acredito amar. Não me sinto útil da mesma forma que eu os vejo. Não vejo reciprocidade em muitas das minhas amizades. Já me desgastei com algumas que nem tenho vontade de me relacionar novamente. E outras, se eu continuar com certas expectativas, é bem provável que eu caia no mesmo poço. E não gostaria de me sentir longe das pessoas que eu mais admiro e amo.
Vejo algumas falhas
Mas sobre esse meu defeito ainda, quero tecer alguns comentários. Eu sou muito possessivo. Se eu tenho um amig@, quero el@ só para mim. Tudo bem se el@ se relacionar com outros e até se torne amig@ dos outros, desde que nossa MELHOR amizade não seja alterada por causa disso. Às vezes nem corro esse risco, mas eu sou tão inseguro que acabo me angustiando sem razão. Passo a achar que estou sendo trocado por outro amigo e me dói pensar ficar quem me dá segurança.
Outro problema: eu sou quem deve escolher minhas amizades. E certas vezes é muito difícil eu aprovar um relacionamento com outras pessoas, se a idéia disso acontecer não tiver nascido na minha cabeça. Existem, realmente, pessoas com as quais eu me identifico e é bom eu me aproximar delas. Mas eu não sou o dono das mentes das pessoas. Não tem como eu forçar os outros serem minhas amigas só porque as admiro. Todo e qualquer tipo de relacionamento, acredito eu, acontece de forma natural. Deve haver esforço das partes em se continuar esse relacionamento. Mas minha força é inútil quando se trata de querer ter pra mim os amigos que eu quero.
Existe, em relação a isso que eu acabei de falar, uma incoerência muito grande em minha vida. Por eu desejar muito ser amigo de certas pessoas, espero muito disso. Mas muitas vezes não tenho uma resposta na intensidade que eu esperava. E culpo a pessoa por ser insensível e a “odeio” por não ter lido O Pequeno Príncipe (onde se encontra a celebre frase “Tu te tornas eternamente responsável por aquilo que cativas”). No entanto, eu esqueço de olhar para as pessoas que fazem o mesmo comigo. Pessoas que esperam ter uma amizade verdadeira comigo, mas não percebo que as cativei e, nesse sentido, me tornei responsável por ela. Eu poderia me justificar, já que estou desabafando. Mas você que está lendo (se é que alguém ta lendo esse texto enorme rs) não precisa ver o reflexo do meu orgulho.
(... suspiro e pergunto: será que o mundo vai me entender? Será que eu me entendo?...)
16 comentários:
Queridos, desculpem o texto gigante... mas eu precisava desabafar... abraços
oi Lucas
Hoje gritei de desespero. Achei que fosse um pesadelo enquanto dormia, mas vi que era mais real do que imaginava. O desespero veio da angustia... E angustia ... De onde?
Me diz !!! De onde??
Você me disse...Vem de mim e daquilo que não cativo. E causa um buraco. Um buraco que cavo, cavo, cavo ... e me afundo.
Já tentei esconder o buraco. Mas ele é negro e suga tudo ao redor.
Se pelo menos eu encontrasse algo para supri-lo...
E eu sei que existe. Vem da física.
Ou da metafísica.
Nada... Não é isso. Veja tá ai problema. A ignorância toma conta e a independência dita as regras da expansão de algo inexplicável.
E agora, quem poderá me socorrer?
Só um amigo se sensibiliza com a dor do outro.
Só o amigo que permite que seus olhos se umidecem frente ao desabafar do proximo.
Só o amigo sente a confusão do outro.
É... sim, vc é meu amigo. Peço perdão pela falta de reciprocidade. É tropeçando que se aprende a caminhar.
Seu drama de querer a posse de alguns amigos e excluir outros que poderiam ser amigos é mto presente em mim tb, infelizmente
Um grande abraço
" ...Amo me relacionar. Amo o ser humano."
eu amo ser sua amiga em evolução !!!
sim sim! eu sei.. o que vc diz, o escreve!
porque eu também gosto de desabafos em OFF!!
:)
Luquinhas vc tem toda a alma por fora!! os sentimentos cobrem suas atitudes! é isso para mim é viver com o coração ...
poucas pessoas são assim.. porque amar ao próximo é muito mais do que a gente ve!! é o que a gente sente por o próximo!!!!
é ter direito a desabafar assim..
AI! luquinhas estou amando ser amiga de vc.. conhecer vc!! sabe!! porque seu coração escreve coisas em português que eu amaria disser!!!!
:)
e em espanhol eu escrevo algo que eu gostaria de saber escrever em português
“reguemos la amistad”
Não precisa pedir desculpas! Aqui é o seu espaço e por mais que o mundo não te entenda, Nós, os que conhecemos o grande amigo Lucas, te entendemos! Sempre que precisar desabafe!
Brother, continue nesse caminho. Faz algum tempo que eu decidi trilhar a vida sem máscaras e posso te dizer que não existe coisa melhor. Continue se apresentando nu diante de Deus e ele estará do seu lado.
Quem vê a si mesmo como sem orgulho, não tem motivo para se ofender quando lhe apontam o dedo. Continue buscando uma vida de transparência e sinceridade crua. Você não vai se arrepender.
Num sei...
Num sei...
Tô pensando...
Ei, Lucas!
Eu li teu texto em um fôlego só. É que eu sei como é se sentir assim. Sei da responsabilidade que a frase de Exupéry carrega consigo. E sei das inseguranças, da vontade de ter só pra gente. [Nisso eu sei demais, porque misturo uma dose sem fim de ciúmes nas minhas relações todas - mas sem deixar transparecer, é tormento só meu].
Carrego muito comigo essa história de amizade doada. Vi muito de mim nesse teu relato. É que eu não sei medir sentimentos, sabe? Aí prefiro ser inteiro. Intenso. E às vezes do outro lado não se encontra reciprocidade. [E vice-versa, também. Porque sem perceber a gente acaba afastando nossa responsabilidade em relação ao cativar alheio]. É chato, sim, ver afinidade ir embora. Só que por mais que possa soar como fantasia-de-menina-boba, deposito um pote sem fundo de fé na amizade como “O” sentimento. É que eu consigo enxergar eternidade, ainda. Noto verdade. E se não for assim, é porque o desenho de um não colou no outro. Bom é saber que outros aparecerão. Coloridos, talvez.
Você falava sobre querer ter pra você “os amigos que você quer”. Da expectativa. E é tão bom construir castelos, não? Faz aí um alicerce, Lucas. Vai se deixando escolher, também. Vai se deixando (re)conhecer. Porque o prazer em ser amigo, é encontrar no outro um pedaço de si. E pegar do outro um pedaço pra você. É soma, sim. Mas é mais ainda um dividir-se.
E eu achei belo todo o tom sincero desse teu desabafo. Você amando o próximo, amando o “relacionar-se”. Fiquei querendo pegar um pouco disso pra mim, que sou um ser não tão sociável assim. Rs. Aí eu fiquei lendo e desejando pra você um monte de luz, de clareza, de olhar pra essa porta que mora dentro de si, e deixar o amor próprio passear pelos teus cantos.
Você tem uma alma bonita, rapaz. E faz bem notá-la escancarada e esmiuçada dessa forma. Deixa a angústia ir embora, melhor é ver você fazendo das palavras chuva, pra lavar quem você é. E depois: paz. É o efeito que escolhi notar do lado de cá.
Olha, o mundo [e você], ainda possuem estrelas justamente por isso: o não entender. Melhor é viver assim, sem-razão. É coisa de alma que conversa. Elas - as almas -, sim, acabam se entendendo.
Meu beijo.
P.S.: Desculpa a intromissão, a extensão, o cansaço e o desabafo que caminhou junto com minhas palavras. É que eu tô sempre pousando aqui no teu canto. Sou calada, assim. Mas hoje me senti em casa, quis falar, puxei um banco e perdi a hora. [Tagarela, me tornei? Rs.].
Lucas!
Te consola saber que sinto coisas muito semelhantes a estas?
As vezes é bom compratilhar para que saibamos que não somos os únicos.
Sou exatamente assim. E, como você, tenho refletido sobre isso, sendo desafiada por Ico13, a descobrir o que seria amar de uma forma em que o objeto de nosso amor seja sempre o beneficiado, e não as minhas vontades. Não que eu faça isso, afinal sempre desejamos tudo o que é melhor para aqueles que amamos, mas também sabemos que na maioria das vezes queremos que este "melhor" seja ao nosso lado.
Bem, como percebe, usei o seu desabafo para desabafar tb...
Posso dizer que, embora eu não te conheça, as tuas palavras fizeram amizade com as minhas. Por isso, meu amigo, fica firme. Continue se doando as relacionamentos, pois eu creio que um relacionamento só é verdadeiro quando existe doação. Ainda que não sejas por todos retribuído, tu vais poder olhar para trás e saber que foi você mesmo com todas as pessoas que cruzaram teu caminho.
Deus te abençõe! Como sempre, eu simplesmente amo vir aqui.
:)
Ká.
hahaha!
Acho que estávamos comentando ao mesmo tempo!
Me add: kakadjesus@hotmail.com
Abraço!
Eu!
Eu te entendo!
Aliás, por algum motivo, me vi no seu texto. E aposto que não foi só eu.
Por a gente admirar tanto alguém, queremos que esse alguém retribua essa admiração em forma de amizade, ainda que esse sentimento que temos não nos seja muito claro.
Eu me dou por completo aos meus amigos. Tenho uma tremenda dificuldade em fazer amizades e é por isso que as poucas e verdadeiras que tenho estão bem guardadas e cultivadas. Eu seria capaz de muita coisa pelos meus amigos e lhes devoto um amor incondicional. Não sei se todos eles fariam o mesmo por mim ou sentem o mesmo amor, mas o importante nisso tudo é dar o amor. Claro que quando esse amor retorna, melhor pra todo mundo... mas também não quer dizer que vamos sair por aí dando murro em ponta de faca e amando quem não merece...
Também não podemos saber,sempre, quem é que merece nossos sentimentos né?
Tudo muito muito complexo.
Porém, assim como vc, eu me sinto fascinada por essa complexidade, embora me esconda numa ostra quando me sinto ameaçada por alguém. Mecanismos de auto-defesa, sabe? Só que isso nem sempre é bom, porque por nos defendermos demais, nem vemos que tem outras pessoas querendo se relacionar conosco e acabamos por não dar uma chance a elas por causa de traumas passados.
Enfim, não se sinta só ou incompreendido. POr mais que tudo o que eu tenha dito não tenha nada a ver com o que vc realmente sente, tem o Criador do amor perfeito, lá em cima e dentro de nós, que entende tudim ^^
Fica na paz.
beijos
p.s.:sorry pelo gigante comentário.
Oi Lucas,
vez ou outra eu passo aqui pra dar uma espiada nos seus textos. Não tenho comentado, é verdade, mas antes isso do que um comentário sem sentido que iria te aborrecer.
Bom, eu li seu texto. Li ele todo. Enxerguei você nele e enxerguei você me contando todas essas coisas. Algo que você já fez. E eu, infelizmente, não tenho um conselho ou uma palavra serena pra te dar. Conviver com pessoas diferente da gente nos trazem decepções, mas, muitas vezes, trazem aprendizado e crescimento também.
Afinidade é uma coisa que acontece. Se não deu, se não foi recíproco... paciência. É lamentável, mas não se pode forçar a barra. Eu sei que dói a indiferença e esse sentimento de "estou me doando mais que ele/ela". E isso, como você mesmo disse, é viver com essa complexidade toda que nos ronda. Há dúvias (perguntas) que não vão se calar e é melhor deixar assim mesmo pra evitar mágoas.
É isso. Não sei direito o que dizer. Sei que o tom do seu texto me afetou, me perturbou, tudo isso de forma positiva.
Abraço pra você.
Ah, Lucas, seu desabafo, acredito eu, é algo que acontece com todos nós. Possessividade, insegurança, admiração não correspondida, penso que tudo isso permeia nossos relacionamentos e muitas vezes são coisas que existem somente em nossa cabeça.
Em relação à reciprocidade na amizade, já senti isso tantas vezes e já parei pra pensar se a amizade tava valendo a pena, mas o Ricardo Barbosa (hihi) escreveu algo que me deu no que pensar.
Ele diz que não devemos nos preocupar com o que vamos receber em troca, porque o mais importante é o que damos ou doamos =]
Acho q qdo uma pessoa se abre... algo sempre acontece: acaba por abrir outras pessoas.
Nao sei se existe algum drama humano que seja individual. Tenho descoberto o qto todos parecemos, todos perecemos... e nos identificamos.
E ai... só posso repetir o q a maioria aqui ja disse: tb vivo isso.
abraços, amigo querido.
Oi Lucas, seu desabafo é uma amostra do que está imerso em cada um de nós!
Já me peguei em alguns momentos dessa minha vida complexa, desejando naquele instante uma amizade que fosse 100% cumplice, forte, sincera e recíproca, aí acabava por idealizar. Hoje, tenho construído amizades sem esperar demais das pessoas, embora da minha parte continue oferencendo o mesmo de sempre, porém agora, com um menor receio de rejeição.
P.S- quero que nossa amizade chegue o mais próximo possível do que Deus imaginou quando inventou o amigo!
Doce abraço!
É exatamente isso q eu estou sentindo agora...
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