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10.9.08

organizando "meus quartos"

Hoje de manhã eu acordei. Pude perceber como meu quarto estava bagunçado. Existiam roupas espalhadas. Algumas limpas, outras sujas... Era difícil distinguir qual era qual com aquela desarrumação. Meus livros, tanto os da universidade quanto os não acadêmicos, cada um em um lugar da casa ou desorganizados na estante. Meu lençol e coberta sujos com meu suor, por há muito não trocá-los. Tênis, meias, moedas, papéis, portas, gavetas, tudo estava lá, mas não nos lugares devidos.

Meu coração também acordou e se identificou. Tudo onde não deveria estar. Meu coração se envergonhou primeiro e percebi que o que meus olhos viam era o reflexo do meu quarto interno. A vergonha tomou posse de todo meu ser e meu todo afirmou em uníssono "é hora de arrumar o quarto". Comecei da cama. Sempre tive a impressão de que a cama arrumada ja dava um ar de mudança. Passei, depois, para o armário, dobrando o que devia ser dobrado, pendurando blusas e algumas calças, fechando gavetas e portas. No criado mudo, folhas jogadas fora, arquivos guardados sobre o armário e cadernos alinhados aos olhos. Os tênis devidamente postos atrás da porta e as meias, claro, junto com as roupas sujas. A mesinha com a TV: perfume e desodorante, um do lado do outro e as moedas para dentro do cofre. Catando os livros pela casa, organizei-os em uma ordem minha: primeiro os meus, depois os que eu tinha que ler e devolver para os donos, em seguida os da minha mãe. Na estante debaixo, todos relacionados com Administração. Pronto. Agora é só manter.

Seguindo o exemplo, meu coração se dispôs a fazer o mesmo com meu quarto interior. Alguns papéis jogados fora, outros devidamente arquivados. Algumas portas foram fechadas, outras continuam abertas por terem problema na fechadura (Meu Poeta é chaveiro também. Talvez ele conserte essas portas). Os livros também foram reorganizados. Não todos. Mas os principais receberam um lugar especial. Dei até uma folheada em um deles... Chorei. Fui consolado. Continuei arrumando a bagunça. Pronto. Agora é só manter.

Hoje não foi o melhor dia, mas foi gratificante ver essa arrumação toda. Fiquei satisfeito ao fazer minhas atividades sabendo que meus quartos foram e estão sendo organizados.

Cheguei em casa a noite. Deitei em minha cama organizada. Fechei os olhos e esbocei um sorriso: fiz um bom trabalho hoje! Então abri os olhos e os mirei para o chão: algumas meias espalhadas e duas blusas.

Acordei novamente. Agora, não so meu coração, mas minha mente também. Estou passivo de sempre desorganizar "meus quartos". Não sou um super-homem organizador de quartos. Se o fosse não o precisaria arrumá-lo de manhã. Se o fosse não veria minhas meias e blusas no chão. Entristeci-me, assim como meu coração e minha mente. Mas nesse instante ouvi a voz suave (parecia a do Meu Poeta): "você também não é um super-porco, desorganizador de tudo. Se o fosse não se incomodaria com a bagunça nos "seus quartos". "Você é um simples ser humano" prosseguiu a voz, "nem mais nem menos".

Acordado, então, percebi que meu foco, como um simples ser humano, é simplesmente buscar manter a última organização feita. Acho que essa é a parte mais difícil. Mas parece ser mais fácil quando se está acordado.

Pronto. Agora é só manter.

6 comentários:

A Maya disse...

Já sou um tipo de pessoa meio diferente...
bagunças externas visualmente arrumadas, mas no interior meias espalhadas...
O Poeta também precisa estar sempre me auxiliando a encontrar coisas que estavam em mim.

É, preciso arrumar(me). E manter.

Que não desistamos.

BjÔ! ;)

Edmar Hell Kampke - Mazinho disse...

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Bárbara Matias disse...

É.. bom refletir e conseguir nos enxergar. Arrumar o quarto é um otimo sinal. Tanto que chega a ser privilegio. Não é raro saber q há algo errado mas nao partir para a ação.

Acho q podemos ter atitudes bem positivas frente a nossa baderna.rs. arrumar é uma otima escolha. Mas q nunca se finda.

E hj eu percebo o tanto q a luta de continuar é bem mais constante e importante que o fato de eu vencer ou nao.

vamos continuar com essa arrumação... aí, da proxima, entulha menos bagulho....rs

bjim=D

Anônimo disse...

É, vou arrumar o meu agora, por pura coincidência.

O interior anda meio bagunçado, mas é coisa de tempo.

Mas, manter é o mais difícil.

Não custa tentar.

Abç!

Jaya Magalhães disse...

Lucas,

Difícil. Difícil, mesmo. Fiquei me imaginando no lugar do personagem no texto (você - ou não), e lembrava o tempo inteiro do perfeccionismo, velho conhecido pelas bandas de cá. Da organização superficial de livros por autores, de CD’s em ordem alfabética e estilo musical, das roupas separadas por cores, da irritação se a ponta do lençol da cama dobrou pro lado errado. Deus me livre essa obsessão! Aí eu larguei mão, em partes. E fui me encontrando nas bagunças, também. Externas. O estranho foi que quando analisei sem querer, percebi que os armários internos funcionavam melhor quando do lado de fora eu me encontrava em minha bagunça. Antes, toda a arrumação exposta era tentativa de esconder o caos do lado de dentro. A eterna espera de uma implosão.

A verdade é que uma faxina sempre cai bem. No meio do caminho encontram-se tesouros perdidos, resgatam-se memórias doces, separam-se páginas que não se sabe mais ler. Importa é preservar o bem-alimentar. Do restante, não cabe atenção.

Prova maior é a manutenção. Agora, já de olhos abertos, pousados no horizonte, que tudo se facilite. Que seus quartos estejam sempre iluminados, Lucas. E enfeitados com a poesia de um mundo inteiro.

Meu beijo.

Anônimo disse...

Oi Lucas, vc tem o dom de incomodar com seus textos. Incomodar de forma positiva sempre!!! Acho que estou precisando de olhar os dois quartos e reservar um tempo pra ver o que fazer com os dois! Bjos