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17.10.08

colorindo...



Desenho: Renato Pontello

Esses dias meu poeta cismou de voltar ao seu papel de pintor. Viu ele que andaram rabiscando sua obra de arte e, por isso, resolveu apagar os rabiscos borrados sobre mim. O curioso é que seu trabalho não tem sido apenas apagar os borrões. Apesar da sutileza e cuidado com seu próprio tempo, ele tem ido além. Decidiu por dar algumas pinceladas com cores sortidas... Estava tudo tão nublado ao meu redor (e dentro de mim também). Realmente a mania de gravatas e monocores havia começado a se espalhar como praga por todo mundo. Até que eu consegui ver os raios de sol, perfeitamente dourados, nascer num dia onde todas as previsões diziam vir vindo um furacão. Contudo, o sol só brilhou em mim quando de uma forma super especial meu poeta, agora pintor, me deu um sorriso bem grandão, desenhado com lápis 6B (o que possui o traço mais definido de todos e o mais forte também). Meus dias de desenho sem graça de uma folha de papel jornal amassado estavam contados! Foi quase que automático ver brotar em mim passarinhos e ver crescer uma mudinha de sequóia no meu peito, profetizando uma altíssima torre de segurança e belíssimos galhos para meus passarinhos. Parecia mágica, mas não. Eram apenas as cores da tinta do meu pintor favorito.
Pude sentir o cheiro do mais caro perfume, chamado amor, sem mesmo poder ver seu frasco. Mas tinha certeza de que este era do tamanho de um pêssego e com uma cor aveludada, voltada mais para um tom de azul celeste...
Tem sido por demasiado belo admirar os desenhos, as cores e poesias saltando do coração do artista. Tomara que a cor castanha, com a qual o pintor está colorindo meus olhos, não perca jamais a capacidade de enxergar todo esse sonho.
Tudo bem, não quero pensar que vai durar pra sempre, mesmo porque descobri que, muitas vezes, sou eu mesmo que rabisco a obra do pintor, por achar que posso imitá-lo sem sua supervisão... Mas como diria outro poeta em outra ocasião, quero ver eternas essas cores enquanto elas durarem... e se vierem a perder o brilho, a sequóia, pelo menos estará plantada, esperançosa de que os passarinhos de meu poeta retornem para pousar em seus galhos.


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Ah! Mais duas coisas... A primeira é que ainda desejo fugir com meus amigos para o lugar marcado, mas por este eterno e curto instante acho que o lugar dos nossos sonhos talvez possa ser reproduzido em nossos dias nublados... Segunda coisa, o lápis 6B é o de ponta mais macia, ideal para desenhos e sombras... só existe um problema: se não tivermos cuidado ele pode manchar o desenho... O bom é que, apesar disso, ele continua sendo um lápis e por isso a mancha pode ser apagada e o desenho recomeçado. Boa essa esperança, não é?!

8 comentários:

GB Silva disse...

Que massa seu texto. Tem muito daquilo que conversamos quinta. Tem muito de mim, dos outros, de nós!

Um grande abraço!

Anônimo disse...

Esse texto me deixou muito alegre, Lucas!Muito mesmo!De um jeito bem especial foi sendo construido e fazendo brotar esse sentimento. Deus continue te abençoando! Andrea

A Maya disse...

Lucas, é de peito aberto que eu te afirmo que ler isto aqui hoje me fez bem.

Sabe, tenho andado tão desanimada em escrever e tb com algumas outras coisas... mas suas palavras me tiraram um sorriso. E um renovo.

Obrigada, obrigada.

Edmar Hell Kampke - Mazinho disse...

só para registrar que estive aqui!

Alberto Vieira disse...

Quero ler com mais calma seu texto depois!

Prometo!

Vamos rumo à esperança

Deborah Luna disse...

Que achado!
Queria muito saber escrever assim...
Mas o Pai sabe o que cabe a cada um, né?
Gostei muito do seu blog!
Sei que com Ele, nunca irá te faltar inspiração.

Paz!

Ivny disse...

seus traços são doces!

brunakonrath disse...

Oie!

Ah... Tão bom quando o pintor nos dá novas cores e nos enche do perfume de amor!
Às vezes dói um pouquinhho quando ele apaga os borrões (que eu mesma faço!), mas assim o desenho fica mais bonito...
Que possamos receber e mostrar nossas novas cores nesse mundo cinzento.

Bjus mil...