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20.3.08

Ημερολογιο παθος* - Segundo dia

* Diário (calendário) da paixão


Hoje é dia 8 do mês Nissan. Minha alma foi acarretada por uma variação intensa de sentimentos. Eu estava mais calmo de manhã. Uma paz muito estranha me envolveu essa noite e me fez dormir profundamente como criança. Acordei e fui trabalhar, como sempre. Mas fiquei a imaginar o que Yeshua estaria fazendo. Não passava na minha cabeça a possibilidade dele estar com medo. O pouco que o acompanhei dava para sentir que ele exalava coragem e esperança. Ele realmente era diferente. Não poderia ser apenas um profeta qualquer. Caso isso fosse verdade, poderíamos sim considerá-lo um louco, pois de certa forma o Rabi desafiou aqueles que dizem ser representantes de Deus. Ele desafiou toda uma cultura. Ou ele realmente é quem ele diz ser, ou eu e um monte de gente caiu como patinho na sua conversa. Mas não acredito que ele tenha feito isso. É perceptível sua sensatez em todas as suas atitudes. Tudo nele faz sentido.

Na metade da manhã, Aaron, um companheiro de trabalho, veio correndo da cidade, muito eufórico. "Yeshua está chegando!". ירושלם (Yerushaláyim) estava lotada por motivo da Pessach e, segundo Aaron, todos estavam indo ao encontro do Rabi com folhas de palmeira e gritando הושענא (hosanna) e dizendo ser ele o Rei de Israel. Meu coração se encheu de esperança pela notícia. Deixei o que estava fazendo e resolvi ir a sua direção. No caminho o sentimento de alegria foi substituído por uma preocupação muito grande: "Com certeza os mestres da lei estão esperando Yeshua na grande festa, como uma armadilha", pensei.

Não parei de correr. Finalmente cheguei ao centro de Yerushaláyim. Uma multidão dividida apenas por uma via estreita, onde se esperava que passasse o Nazareno. Meu coração parou por um segundo, assim como os corações de toda aquela gente. E assim que o vimos, em uma só voz gritamos "Bendito o que vem em nome do Senhor!". O Rabi passava montado em um jumentinho, calmamente. Seu sorriso era terno e seu olhar penetrante. Mesmo havendo muita gente, de uma forma espantosa, ele conseguia fazer cada um se sentir importante. Isso me empolgava mais ainda a dizer que ele era o Rei. O meu Rei. Mesmo ele não se apresentando como um. Nunca imaginaria um rei em um jumentinho e em roupas tão simples quanto as dele.

Aquele dia foi emocionante.

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